Mais uma parte ^^
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Eu voltava pra casa e a chuva havia aumentado. Fazia dois meses que não tinha mais de uma hora de sol e eu amava isso. Como já tinha dito amo chuva, frio. E essa cidade me fazia tão bem. Não me vejo indo embora daqui. E nem pretendo.
Quando cheguei a minha casa, um pouco encharcada, olhei pra mega bagunça que se encontrava a casa INTEIRA. Pra começar a sala parecia mais um quarto masculino onde até comida tinha no chão. Acabo de me lembrar que praticamente só tem homens aqui e amanhã chegaria só uma mulher. O resto seria... Homens. Essa idéia não me assustava porque eu já havia me acostumado a andar pelo corredor e me deparar com alguém de toalha, ou só de cueca. Havia me acostumado, mas achava isso horrível.
Acabei com meus pensamentos e trabalhei duro para manter tudo limpo. Rezo para que meu irmão se esqueça que tem amigos bagunceiros e mal educados. Eu rezo.
Depois de tudo arrumado, o telefone toca. Deve ser a Mari. Atendi.
“Filha?” Era meu pai.
“Sim?”
“Que bom que voltou da casa da vovó. Já deu um jeito na casa?” Sou uma empregada, não uma filha. É assim que sou vista aqui.
“Sim, pai. E o Oliver sumiu.”
“Ele está aqui do meu lado.” Falou com um tom de voz desapontado.
“Imaginei.”
“Filha, vamos demorar porque, felizmente, o Taylor que estava internado está bem melhor e eu preciso conversar um pouco com ele. E isso aconteceu logo que chegamos aqui no hospital.”
“Conversar com ele?”
“É. Ele estava bem na hora que aconteceu tudo e... Bem, ele irá me ajudar pra poder elaborar algo que ajude.” Meu pai soltou uma risadinha.
“Ah. Entendo. Ok, pai. Não demore tanto.”
“Tentarei. Beijos.”
“Beijo.”
Desligamos. Eu já estava pisando na cozinha quando o telefone toca de novo. Meu Deus, eu espero que seja a Mari.
“Akemi...” ela falou em meio de risos. Pelo jeito já sei o que aconteceu.
“O Shige ta ai ne? Manda um abraço.” Ri.
“Pode deixar. Brigada por me encorajar.”
“Amigas são pra essas coisas...” ri.
“Bem, eu liguei pra te avisar isso. Mas você já entendeu o recado. Então...”
“Tudo bem, não quero atrapalhar.” Ri. “Até amanhã.”
“Até. E eu e o Shige iremos te buscar.” Rimos. Desligamos.
Depois de esse pequeno problema ter acabado, eu liguei a TV e só passava programas chatos. Tentei trocar de canal umas mil vezes, mas nada me interessava. Verifiquei o ramen na geladeira e estava bem tampado. Escrevi um bilhete avisando que não iria conseguir esperar meu irmão nem meu pai e eles mesmos iriam esquentar o jantar. Pelo visto a conversa estava boa. Será que meu pai vai adotá-lo para ser seu aprendiz na engenharia? Eu tenho pena. Meu pai é meio fissurado no trabalho dele e não deixa ninguém opinar. Esse era o problema que ele tinha com a vovó. Ela sempre quis o bem dele, mas meu pai não dá a devida atenção que ela merece. Eu acho que tento demais fazer com que esses dois dessem certo.
Em falar na demora, pelo visto meu pai está discutindo realmente tudo hoje. Acho que não me importaria hospedar essa família, que, pelo que minha avó contara eles parecer ser bem legais.
Já era quase dez horas quando eu terminei de ver o que eu havia anotado no dia da escola. Foi só o primeiro dia de aula e já tinha mais matéria do que eu pensava. Mas por um lado foi legal visitar a vovó de novo. Ela é uma grande mulher. Sempre me dá conselhos. Depois que minha mãe se separou do meu pai quando eu era pequena, eu vim morar aqui em Bath. E não ter mãe presente no começo era difícil. Minha avó além de ser minha vovó querida do meu coração, é a minha mãe. Aliás, tem quem diga: avó é a mãe duas vezes. E isso eu tenho que concordar.
Fui dormir após um banho quentinho. Ajeitei-me nas minhas cobertas (no total quatro), devido ao imenso frio do lado de fora. Mesmo fechando as janelas, o vento insistia em entrar pelas brechas fazendo o quarto virar um freezer. Eu estava empacotada, como sempre. Por quinze minutos eu não pregava o olho, e acabei por olhar a janela até que meu pai chegasse. Depois de cinco minutos me perdendo em meus pensamentos, meu pai estacionava o carro na garagem. Meu irmão desceu do carro rapidamente e estava falando animadamente com meu pai enquanto sua boca expulsava a fumaça do ar frio. Tranqüilizei-me após eles entrarem em casa chamando pelo meu nome, mas eu não desci. Já estava novamente esquentada pelas minhas cobertas e estava tão confortável que me deu uma imensa preguiça.
No dia seguinte, acordei com barulhos na minha porta, era meu pai.
- Filha, você vai perder a hora. Já são seis e vinte.
Levantei num pulo. Tomei um banho quente, escovei meus dentes bem escovados e fiz questão de não lavar meu cabelo. Estava frio demais. Ouvi o telejornal que passava lá na sala dizendo que fazia dez graus. Parece que a temperatura estava abaixando ao passar dos dias.
Eu estava pronta em cinco minutos. Desci animada para tomar café. Sabe, eu amo acordar cedo mesmo às vezes eu não ter coragem. É bom voltar ao colégio quando você está se afundando no tédio das férias.
- OHAYO! – disse animada e me sentei à mesa.
- Bom dia. – meu irmão disse e quando olhei a esse, ele estava com o cabelo todo despenteado e se encontrava sem camisa. Acredite. Ele não era tão afetado pelo frio quanto eu.
- Filha, bom dia. Não se esqueça do casaco extra quando sair.
- Eu sei. – colocava meu cereal na tigela.
- Ah, filha. – meu pai se sentou à mesa. Olhei pra ele. – Bom trabalho ontem.
Ri.
- Obrigada. E pai, quem vai fazer o almoço hoje? Não era hoje que o Peter e a família vêm?
- Sim, eles vêm sim. Oliver cuidará do almoço.
- Eu? Mas eu vou ter que sair.
- Quem mandou deixar sua irmã sozinha arrumando a casa? – meu pai disse vitorioso. A essa altura, já tinha terminado meu café e já ia à porta buscar meu guarda chuva e meu casaco extra.
- Filha... Você quer carona?
- Sério pai? Bem, desculpe... Eu irei com o Shige e a Mari hoje. Eles voltaram. – falei olhando pro meu irmão que fez um joinha.
- Tem certeza? Posso te levar agora se quiser.
- Não pai. Eles já devem estar passando aqui. Vou só pegar minha mochila lá no meu quarto. – Saí com a mesma expressão de sempre.
- Pensei que ela e a minha mãe tinham conversado... – meu pai falou confuso.
- Acho que o senhor já devia saber que ela cresceu e não escuta tanto a vovó assim. – Oliver riu.
- Você que pensa meu caro. Vovó é a minha mãe. Escuto mais ela do que minha própria consciência. – Voltei à sala e pisquei e já saia pela porta quando o Shige estacionou. Meu pai olhava incrédulo.
- Tchau. – ele falou e voltou-se a Oliver. – Essa menina ta crescida demais...
- Uma hora ia acontecer, não é pai? – Oliver riu.
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Aí está. Espero que gostem ^^
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Até mais e Boa Noite!~
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